Hoje, mais uma vez me vejo perdida nessa beleza que não consigo notar, que faço esforço enorme para ver e parece que na verdade é um caminho inverso.
O amor próprio é como uma planta... você tem que cuidar, regar, elogiar e perceber que mesmo quando ela não está florida, tem sua beleza e, que em algum momento ela terá novos botões e depois flores novamente..
Mas me pergunto quanto tempo duram as plantas, quanto tempo dura o amor próprio, quanto tempo dura essa relação consigo mesma e se há espaço para se amar vendo tanta gente irreal sendo considerada bela. Será que é igual com as plantas? Com as flores?
Desabrochei tantas flores, tantas vezes, de tantas formas e cores que agora penso que talvez eu seja somente uma planta, com as folhagens num tom de verde que parece sempre igual, sem crescer mais um pouco.
Escrevi tanto sobre o corpo feminino gordo, também como forma de manter meu autoamor, como se pudesse fortalecê-lo ao entender mais sobre mim mesma. E ainda assim, caio em armadilhas todos os dias.
Penso, considero, aceito o fato de que nunca serei bela como me imaginei um dia. Penso, considero e aceito que os remédios são a melhor - e talvez única - maneira de chegar naquele corpo/peso que conquistei por várias vezes o amor próprio. Penso, considero e aceito, que meus olhos na verdade, nunca viram a mim com todo esse amor que eu acreditava, porque todas as outras opções mais magras e menos crespas são mais possíveis de se amar.
E todos os dias ouço tantas falas sobre corpo, beleza, magreza e remédio numa mesma frase que quase cedo, mas não tenho coragem.
Nego e renego que alguns comprimidos façam com que eu me comprima ao máximo para ser bela, rejeito dietas e dicas que surgem como o ar que respiro e ainda assim, renego a mim mesma.
Por isso, se ver meu autoamor por aí, pode indicar a ele que volte pra mim, sem nenhum quilo a menos, sem nenhum cacho a menos, sem rejeitar a minha versão atual, sendo apenas verdadeiro.