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terça-feira, 27 de junho de 2017

De outra terra

Aqueles olhos claros e vidrados na vida me faziam perder o conteúdo compartilhado, suas mãos falavam às minhas, seu corpo inquieto parecia pedir para que o meu se aproximasse mais.
Enquanto as palavras saiam de seus lábios, sem tintura aparente, um som se fazia em seu sotaque vagaroso e carregado de delícias que só se sabe quando se escuta e meus olhos sempre atentos aos teus, minha boca pronta para pronunciar teu nome seguido de alguma palavra que aproximasse-nos, minhas mãos em espera por tocar seu rosto pálido e meu corpo em mutação de posição, ora direcionando a ti, ora fugindo de seu olhar.
Me retraí em demasiado com receio que seus lábios não tivessem anseio pelos meus, me voltei para meus próprios olhos no espelho, enquanto delineava as curvas de meus lábios com um tom avermelhado, num desejo urgente por borrar a cor com beijos nossos.
Mas mantive guardado meu desejo por ti, por tempo suficiente a não conseguir concretizá-lo. Meus dedos ágeis buscaram por ti por entre redes que acreditamos sociabilizar-nos e encontrei, com um sorriso bem marcante como o que encarei desde o primeiro dia que olhei as belezas daquela cidade. Escrevi-lhe apenas na certeza de que não precisaria olhar seus olhos profundos e na incerteza de qual seria a resposta enviei o olá mais conectado as verdades de meu desejo.
Se soubesse de sua inquietude e seu olhar direcionavam-se a mim, talvez meus lábios teriam se pronunciado de maneira mais ágil que meus dedos com palavras, meus lábios quem sabe teriam tocado os seus e eu poderia então dizer que conheço o sabor de sua terra, talvez meu corpo teria se aquietado perto do seu por um instante inesquecível e incansável.
Mas guardo suas palavras por entre meu desejo e tento fazer com que novamente haja um instante para nos borrar com meu batom avermelhado.