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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Prelúdio noturno

Me pergunto como seria se eu me deitasse no fundo escuro que existe dentro de mim, talvez o preludio seria calmo e quieto como o silêncio que toca minha alma.
Mas pouco depois viriam os gritos grotescos que ainda não reconheço, talvez viria o gosto amargo de beijos que já provei, ou salgado ardido que já enojei. 
A verdade é que o barulho do vento misturado ao cheiro úmido da chuva me fazem sentir assim, como num mergulho preso que fico noite adentro olhando pro nada, parada, ensurdecida, estarrecida de quanta tristeza ainda existe em mim. 
Meus lábios antes tão vermelhos, são agora apenas curvados pra baixo, sem cor, sem traço definido pelas cores que já ousei preferir. 
E o dia calado e vago me fazem escrever ao fim da noite de sono curto, enquanto desejo mais um trago do cigarro que afasta a vida de mim.
Para amanhã reservo novos pensamentos,  talvez algum alento de uma canção enquanto toco violão e me diverto em solo em mais um dia sem fim.
Até que caia nova noite e eu retorne os olhos pra escuridão de início que citei aqui.