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domingo, 10 de setembro de 2017

Um novo verso de uma universitária

Este é mais um espaço em que me desgasto.
Já repeti diversas vezes para quem tenha interesse em saber e a mim mesma que não tenho problema com a Universidade bancar a socialização de seus acadêmicos, mas me inconformo com as possibilidades desiguais que são dadas.
Poucos me dizem forte, muitos dirigem estas palavras a outros que tem a condição material bem encaminhada na vida. Mesmo que não pareça, mesmo que eu pereça, não vale falar nome algum, não vale denunciar, afinal qual é a prova que eu vou levar?
Todos os dias encaro o Sol quente de uma cidade interiorana, encaro os desafios de escutar piadas que ferem a boa parte do que sou, do que socialmente me disseram que sou, todos os dias eu escrevo por algumas horas em meu caderno, eu estudo, eu realmente me entrego.
Enquanto vejo notas sendo descartadas a quem faz uma boa cópia, a quem assina em baixo sem se quer saber qual o tema que aborda e eu não posso mais.
Por diversos momentos me calo querendo gritar, me tranco no quarto pra ninguém me ouvir chorar enquanto olho pra essa vida e penso: A Universidade não é pensada pra mim.
O que eu vejo é abuso, percebo pequenos atos corruptos, noto algumas malandragens e tantos outros que estão de sacanagem. E tenho a intenção de falar de cada um.
Sobre o abuso: é de poder, é de querer, é de desejar e é ainda de fazer um outro rir. Quantas vezes escutei piadas do meu cabelo, da minha negritude, da gordura que aparece pelo meu corpo inteiro, quantas vezes mais irei escutar que é preciso se cuidar? Quantas vezes engoli minhas palavras enquanto homens diziam sobre mulheres a desvalorizar? Não estou dentre os toques, o meu único toque tem sido o de me recolher, num ato tão agressivo ao meu verdadeiro ser.
Ai esses atos corruptos: Pobre, pobre e pobre. Mayra, você não pode. É aí que a gente se fode. Escuto piadas sobre as bolsas de assistência estudantil. Nesse ponto eu compro inimizades, porque cada um sabe de si a sua verdade, as suas mentiras, as suas verdadeiras conquistas "Não escolhe fulano pra tutor, ele vai te mandar fazer pesquisas". Tão querendo tudo fácil e pior, tem quem assine logo embaixo.
É malandragem, chego a pensar que só podem estar de sacanagem.
Eu não posso concorrer, eu não posso me meter "Tem certeza?" "Quanto mais quieta ficar, melhor pra você passar" "Já tá querendo causar...". E quero, quero jogar pelas paredes relatos, quero unir quem está aos migalhos, quero fazer minha voz ser lida já que não pode ser ouvida. Quero EU estar de sacanagem com essas patifarias.
A Universidade não é pensada pra você! Ela faz você se recolher, se abster e as vezes até enlouquecer. Se enfia em tudo, tenta essa bolsa, faz um trampo ali, tira uma grana aqui, tenho um projeto que você vai gostar, olha só essa aluna é de arrasar, você tem potencial, produza, produza, produza... reduza? Ninguém lhe diz reduza, quando carrega um nome adiante, ninguém lhe diz pra reduzir os estudos quando você tem dificuldades de parar.
A Universidade não foi pensada pra mim, e pra você, foi?

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