Já fui mais mulher, mas hoje também sou um bocado, já fui tantas alegrias incluindo hoje, mas no momento sou tristeza.
Ainda não citei o que sempre fui, o que amanhã serei mais uma vez, até porque como se pronuncia de uma parte que por tantas vezes cai no esquecimento de ser.
Já fui trocada, mas hoje eu sou o trocadilho, sou eu quem atiro.
Hoje eu sou noite sem lua, bem escura e crua, igual ao tempero despreparado.
Hoje sou ereta, com a coluna quase que reta, mas a barriga sem fim pra acabar.
Hoje sou a estrada esburacada, daquelas que quase nos mata de tanto o carro desviar.
Hoje sou hipotermia, sou dor na espinha e os quarenta graus de febre que parece não cessar.
Hoje sou carro sem farol e sem rodas para andar ou sem serventia pra usar.
Mas continuo sendo uma mulher, daquela que tem racho nos pés, por descalça sempre estar.
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