O bolo de chocolate amargou, a chuva intensa voltou, os olhos meio caídos se fizeram presentes, algumas lágrimas rolaram, o suco de laranja azedou, o quarto pequeno aumentou, a cama grande diminuiu, os movimentos amplos voltaram, o olhar pro horizonte piscou, o sorriso torto e sem jeito começou, o curto momento eterno aconteceu; cada coisa mudou, tomou outra forma, voltou de mais um outro instante, tudo e nada aconteceu duma vez só e ainda assim a única coisa que permaneceu, foi um amor.
Temporariamente enterrei a escrita, as músicas prediletas, os sorrisos de amar, a fala doce, deixei sucumbir todas as verdades vividas anteriormente para uma recuperação que havia um crédito real, porém tolo.
Nada me fez enlouquecer mais do que perder-me dentro de mim mesma, enterrando minhas verdades, minha tão linda intensidade por não poder viver da forma como somente eu desejava, nada me agrediria mais do que minhas própria lágrimas sendo engolidas ao seco nó que descia pela garganta ou o sorriso largo e falso que depositei em face, antes de sair de casa para o mundo me ver.
Eu continuo em pé, em alguns momentos me envergando pela dor que se faz por dentro do peito, para esconder o rosto vazio daquele meu sorriso aceso, para guardar em meu poço as lágrimas que decidi deixar cair ou simplesmente pra não me deixar afundar, por isso envergo, por isso me calo, por isso corro de abraços, por isso evito alguns embaraços, só por tantos 'isso'.