Medo...
Foi sobre isso nossa ultima conversa.
Meus olhos queriam chorar, queriam correr do encontro que os seus fazia com os meus.
Já olhei em outros olhos, já desejei tanto uma mão entrelaçada a minha, já olhei para o céu estrelado, já admirei o sol saindo de cena, já brinquei com risos alheios... mas nunca olhei para o céu completo de um nós, nunca pisei com pegadas nossas na praia, nunca senti tão intensamente mãos passeando pelo meu corpo nú de marcas do mundo, nunca houveram olhos como os de hoje.
Eu vejo sorriso nos olhos, nos meus, nos seus e no nosso quando nos vejo olhando o futuro desejado.
Ainda que não tenha indícios de ausência de risos, me cubro de mim, mergulho por dentro da minha carne que queima a alma; ainda não tenho preparado em mim outra corda que me puxe de um poço, caso eu pare por lá.
Nunca mergulhei tão fundo a tristeza que senti há poucos meses, e se hoje estou deste lado de fora daquele mar negro, tens sua parcela de alegria por isso. Tem mais que isso, tem meus olhos a lhe admirar sempre, meu corpo querendo repousar sobre o seu, minhas madeixas aguardando suas mãos para afofá-las e a mim, por inteira e completo nesse intenso envolvimento que vivo.
Sou vida, diva de noites mal dormidas, de risos escancalhados, de senso de humor sim, de desejo, amar, querer, ser, estar, viver, compartilhar, (ar)tear... intensidade!