Ela foi desenhada, levemente, com fortes traços, com lápis cinza, como sua cor preferida.
Pintaram seus olhos, por várias vezes, de várias cores, mesclaram todas, até seu resultado acertivo.
Talvez as cores tenham sido mal administradas ao longo de seu corpo, seu cabelo, suas roupas, ou talvez não.
Tão superficial, quanto o pouco que os olhos alheios enxergam, tão calma quanto a bravura do mar, tão doce quanto o café sem açúcar, tão sem quanto o que se tem, tão muito quanto o pouco, tão pouco quanto o tudo.
Não se anula, não se embriaga do que não quer, não se deixa envolver num primeiro beijo, não se deita em qualquer leito, não se desperdiça, talvez por algum erro de cálculo se entrega, mas isso não envolve todo seu ser.
Enquanto ela anda, retira uma prega, retira um cega moral construída nesse mundo doido, ela se retira cada vez mais do que fizeram de ti, ela sorri aos cantos do mundo, ela reveste o olhar, mostra a boca pintada, veste qualquer decote que chame atenção, e com sua firmeza, esculacha qualquer fineza e vá por mim que é mera coincidência quando qualquer olhar se encontra com o dela.
Em dias de festa, alias, em todos os dias de festa, ela desordena os acontecimentos, enquanto o mundo ri ela chora, depois se limpa toda, e desordena a cabeça do sujeito, num só gesto sem respeito.
É de um alívio n'alma socar-te de ti, engolir todo seu palavreado mal escrito.
Fica linda quando retira os saltos e dança levemente, enquanto rodeia e sorri, sorri e rodeia, em toda sua desordem, em todo seu desajeito, com sua vergonha escondida dentro do peito, ela canta sem essa de encanta, não gosta da rima própria, mas lê e sorri quando vem qualquer palavra alheia ao seu encontro.
Existe uma pertubação própria, que como qualquer outra pessoa tem medo de si, ela carrega esse peso consigo, por saber que tem seu negro lado como encantado, como qualquer conto de fadas, onde a aparência pode enganar, ela oferece maças a si mesma controlando-se para não aceitar.
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